O encantamento mútuo com o letramento digital

O encantamento mútuo com o letramento digital




     Neste ano estou desenvolvendo, em parceria com a professora de português e amiga Scheila Machado, um projeto intitulado "Google Classroom - A sala de aula vai até você", com objetivo de trabalhar de forma virtual, à distância e mesmo em momentos presenciais, mas já introduzindo os estudantes no mundo digital.

     Nos preparamos para isso, estudamos, nos encantamos e finalmente arriscamos e o resultado? Está sendo, aos poucos, fantástico. Qual professor não sonha com os estudantes realizando trabalhos assim que chegam da escola? Ou ficarem até tarde fazendo as atividades e tirando dúvidas contigo? Isso tem acontecido e foi o que me motivou a decidir a área onde quero estagiar, o foco do meu TCC, letramento digital em sala de aula democrática, ou seja, o que vamos estudar vai depender deles, mas como estudaremos será uma construção de todos nós fazendo uso das tecnologias. 

     Claro que tenho consciência que não será fácil, teremos contratempos, como a questão do acesso, mas tenho certeza de que a aprendizagem está tendo um outro significado para as turmas participantes. Nossos estudantes são de uma geração completamente diferente da nossa e não adianta querermos que eles aprendam usando as mesmas estratégias que nós, isso torna nossas aulas enfadonhas e sem sentido. Ao desafiá-los a conhecer mais sobre as tecnologias eles se sentem motivados, estimulados. Isso exige muito do educador também, que precisa se despir da toga autointitulada "dono do saber" e nem sempre é fácil, pois alguns têm receio de perder o seu tão sonhado espaço na sociedade, mas posso garantir que isso não acontece.






O letramento, segundo Fonseca (2005) leva em consideração os saberes e práticas culturais que os indivíduos possuem, e os toma como fios condutores para a apropriação da linguagem. Como nos traz Freire, (1994, p. 20). “[…] a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele”, sabemos que a leitura de mundo em tempos de globalização é relevante e a questão das tecnologias no letramento faz parte da leitura dos alunos.


     "A cultura é mediada pela comunicação, e toda a arquitetura deste
sistema de valores, construída historicamente, está sendo transformada pelas
novas tecnologias digitais, e desta forma, as novas práticas sociais de leitura e
escrita se constituem no que é denominado hoje de letramento digital." Fonseca, p.24, 2005.



O letramento digital é um dos assuntos mais atuais e penso que um dos que merecem estudos, pois ainda há pouco material sobre o mesmo, em especial quando se trata de séries iniciais. A minha ideia é aos poucos fazer com que meus alunos percebam textos que levam a outros gêneros, através de links e hiperlinks, elementos sonoros e visuais tudo numa mesma superfície. Os estudantes também serão, ainda segundo Fonseca(2005) capazes de localizar, filtrar e avaliar criticamente diversas informações. O direito de acesso à redes de informações passa a ser uma nova forma de liberdade de expressão e precisamos possibilitar isso em nossas aulas, se quisermos de acompanhar nossos alunos em suas produções para além da sala de aula.






Referências:

FONSECA, Magda de Carvalho. Letramento Digital: uma possibilidade de inclusão social através da utilização de software livre e da educação a distância. Trabalho de Conclusão de Pós-graduação lato sensu da Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal de Lavras. 2005. Disponível em http://repositorio.ufla.br/bitstream/1/9528/1/MONOGRAFIA_Letramento%20digital%20-%20uma%20possibilidade%20de%20inclus%C3%A3o%20social%20atrav%C3%A9s%20da%20utiliza%C3%A7%C3%A3o%20de%20software%20livre%20e%20da%20educa%C3%A7%C3%A3o%20a%20dist%C3%A2ncia.pdf
Acesso em 13/04/2018.


FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 29. Ed. São Paulo: Cortez, 1994

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A escola democrática pode começar numa sala?

A escola democrática pode começar numa sala?

Hoje, ao ler o texto "Escolas Democráticas Utopias ou Realidade" de Rosanei Tosto fui tomada de uma daquelas doses de esperança que sempre fazem bem.
O "realidade ou ficção?" sobre este assunto vinha me assombrando desde o início deste semestre quando começamos a discutir o assunto. Eu tive oportunidade de experienciar uma gestão democrática-participativa de perto que gerou lindos frutos e teve resultados tão belos quanto, mas que foi esmagada, engolida por uma boca capitalista enorme, onde prevalece o indivíduo no lugar do coletivo, a vaidade no lugar da solidariedade e desta forma foi impossível continuar neste projeto. 

Lendo o texto que trouxe novamente às minhas memórias os conhecimentos acerca da Escola da Ponte e outros dois exemplos brasileiros de escolas democráticas eu resolvi ir além e busquei, das referências sobre o projeto político pedagógico da Ponte, já que a este eu nunca tive acesso. Encontrei parte do livro "Escola da Ponte Uma escola Pública em Debate" de José Pacheco e Maria de Fátima Pacheco e fiquei ainda mais encantada e comecei a "sonhar" com um projeto de estágio um pouco ousado e certamente desafiador do ponto de vista do objetivo.

Se é, infelizmente e ainda, tão difícil que tenhamos escolas verdadeiramente democráticas em nossas realidades, porque não tentar começar de algo ainda mais micro na sociedade, que é a própria sala de aula? A escola democrática preza que de baixo para cima tenhamos cidadãos de fato e de direito mais críticos e reflexivos, com valores que permeiem os direitos humanos e assim estes possam progressivamente transformar a sociedade, eu não posso ter uma sala de aula democrática para então provar que dá certo e buscar a tão sonhada experiência numa escola democrática?

E então vem o desafio, minha primeira intenção ao pensar na turma com a qual irei realizar meu estágio era trabalhar com alfabetização e letramento digital e pensei, neste momento em unir as duas coisas. "Novas pontes - Bytes no lugar de tijolos, o concreto sempre presente" seria um título provisório, criado na intenção de conter toda minha euforia e ansiedade.

Uma sala de aula democrática, respeitando as escolhas do centro do estágio, os estudantes, que seriam responsáveis por seus conhecimentos, pela construção das regras e combinados, que teriam seus interesses respeitados e ao mesmo tempo tivessem realizando tudo isso em ambientes informativos e comunicativos de aprendizagem.

Sei que ainda é cedo para pensar nisso, mas preferi escrever assim não esqueço ou perco meus pensamentos em meio a tantas coisas tradicionais que somos "obrigados" ou "sugestionados" a seguir.



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A apropriação (necessária) das TICs pelos Educadores

A apropriação (necessária) das TICs pelos Educadores


Neste semestre estamos com a disciplina de Educação e Tecnologias da Informação e Comunicação, que é uma área com a qual me identifico muito e adoro. Há cinco anos conclui minha especialização nesta mesma área e penso que o vídeo que utilizei na minha apresentação serve como introdução ao que vou explorar depois:




E mesmo após ter feito esta especialização, para a qual me dediquei por dois anos, na primeira aula da disciplina de TIC na graduação de Pedagogia fui surpreendida por dois recursos, um já mais conhecido, mas nunca utilizado, para criação de histórias e outro, tão próximo e tão distante que tive de me ater muito para compreender, a famosa Timeline, ou linha do tempo. Possibilitada a nós no Office Excel, confesso que nunca havia utilizado e gostei muito.


Isso só me fez ter a certeza do que afirmei em meu TCC da pós graduação, a formação continuada em TICs é essencial, o professsor precisa se apropriar, conhecer para desmistificar os medos em relação às Tecnologias, somente assim seremos capazes de acompanhar as novas gerações, que não são mais 2.0 ou 3.0. 


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A didática de 1659 e a política de 2018

A didática de 1659 e a política de 2018


   O mestre Paulo Freire (1999), que felizmente ainda é o patrono da Educação brasileira, já dizia que:

            “A educação é um ato de amor, por isso, um ato de coragem. Não pode temer o debate. A análise da realidade. Não pode fugir à discussão criadora, sob pena de ser uma farsa.”


   Portanto, hoje, nas leituras sobre Comênico, o "pai da Didática" não pude deixar de relacionar com o momento político atual, que ficará marcado na história do nosso país e sobre o qual muito falaremos (ou não, se tentarem nos calar). 


   Com relação à vida e obra de Comênico eu destacaria muitas coisas. Foi, certamente um homem à frente de seu tempo, com uma visão altruísta, que vislumbrava o princípio da igualdade, “sonhando” que todos tivessem a oportunidade de acessar os estudos, e neste sentido, no atual momento histórico de nosso país não podia deixar de comparar com os ideais do ex Presidente Lula, inclusive nas questões que dizem respeito ao exílio. Claro que o “todos” de Comênico não é o mesmo “todos e todas” de Lula e isso veremos logo abaixo. O autor também queria que aprendessem com prazer, que os fundamentos da aprendizagem viessem da natureza, ou, em outras palavras, do que estivesse próximo dos estudantes, assim como Freire trouxe sempre em sua vasta obra, mostrando a utilidade do aprender, aprender para ser, conhecer, fazer. O professor deveria, para Comênico “ensinar menos”, ou seja, deixar de ser o foco e ser o mediador, sentindo assim como o estudante prazer em seu papel. 

   O sujeito aluno precisa ser considerado, segundo o pai da didática e não consigo entender como tantos colegas desmerecem esta afirmação, essa consideração é construída, a meu ver, num primeiro momento com bom relacionamento professor-aluno. 

   Claro que também discordo de algumas colocações, em especial, mais uma vez, percebo o quanto as disputas religiosas prevalecem ante ao social. Isso continua preocupante, principalmente em tempos onde nossa política passa a ser dirigida por bancadas evangélicas. 

   Outro ponto que me chamou atenção é um item do índice de “Didática Magna”: 

                              “A formação do homem faz-se com muita facilidade na primeira idade, e chego a dizer que não pode fazer-se senão nessa idade”. 
           


   Discordo, pois exemplo de que o ser humano aprende em qualquer tempo de sua vida são as turmas de EJA. Mas isto, levando em consideração o período e contexto histórico social só mostra o quanto evoluímos pouco neste aspecto, já que atualmente temos políticos que também pensam ser “desnecessárias” as turmas da Educação de Jovens e Adultos e tem feito de tudo para acabar com esta modalidade. 


   Com relação ao ocorrido, à prisão do ex-presidente Lula eu posso afirmar que me sinto extremamente triste, pois tive a oportunidade, enquanto educadora de trabalhar e conhecer de perto inúmeros programas pertencentes às políticas públicas que visavam a igualdade de direitos construídas no governo PT. Vivenciar isso me fez perceber que este é o sonho que quero seguir, diminuindo a distância entre o que dizemos e fazemos, conforme Freire nos ensinou. Não posso não manifestar meu posicionamento político, pois educar é um ato político e a intenção do meu continuará, mesmo com Lula preso, sendo a de formar pessoas capazes de buscar um mundo mais justo e fraterno.



Referências:

COMÉNIO, João Amós. Didácta Magna: tratado da arte de ensinar tudo a todos. 4. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996. 525 p.

DOLL, Johannes; ROSA, Russel Teresinha Dutra da. A metodologia tem história. In: _______ (orgs.). Metodologia de Ensino em Foco: práticas e reflexões. Porto Alegre: UFRGS, 2004, p.26-29


FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 23ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.



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