Os silenciados não mudam o mundo

Os silenciados não mudam o mundo




     O título desta postagem, alusivo ao vídeo acima tem como objetivo colocar a minha opinião sobre as questões políticas atuais e sobre o papel do educador diante destas. Paulo Freire já afirmava que "Educar é um ato político" e como tal não posso ignorar o momento político, mesmo que em sala de aula, no curso de Pedagogia, isso não esteja sendo discutido. Deixo claro que esta discussão seria fundamental num curso como este, na minha visão, uma vez que estaremos atuando diretamente na formação político social das crianças. 
     Não consigo compreender-me enquanto educadora sem ter uma visão política de minha ação, não me permito estar "em cima do muro" porque o muro já tem dono e é preciso posicionar-me diante da realidade na qual estou inserida. Portanto, enquanto formadora de opinião posso e devo levantar a questão do quadro político atual, problematizando e permitindo que os alunos formem sua própria opinião, desta forma estaremos fazendo parte da história de nosso país e exercendo de fato a cidadania. Obviamente a posição de um Educador dentro da sala de aula deve ser de mediador deste processo, permitindo que as crianças exponham suas visões, seus saberes, debatam entre si e de forma saudável tratem de questões que estão elencadas como a intolerância, a democracia, a cidadania e o respeito.
     Agora, fora da sala de aula eu tenho o dever de me manifestar, dever de defender a nossa democracia, ainda tão imatura, construída com a dor de tantos brasileiros e brasileiras que lutaram para que hoje eu pudesse me expor abertamente num espaço virtual como este.  Eu sou contra o golpe que estão tentando instituir como legal, se não há crime comprovado não pode haver impechament, simples assim. Se o foco fosse mesmo a questão da corrupção, talvez a presidenta viesse também a fazer parte dos investigados, mas a ordem direta das coisas seria a prisão e cassação de Eduardo Cunha, pois contra ele há fatos. Não pretendo me estender, talvez em outro momento, mas queria deixar claro que tenho posição e que vou defendê-la, na rua, em casa, na UFRGS, no mercado, pois quem silencia não consegue mudar o mundo e depois não adianta lamentar o rumo das coisas. A relação com Paulo Freire neste momento torna-se ainda mais forte: 

“Eu acho que os adultos, pais e professores, deveriam compreender melhor que a rebeldia, afinal, faz parte do processo da autonomia, quer dizer, não é possível ser sem rebeldia. O grande problema está em como amorosamente dar sentido produtivo, dar sentido criador ao ato rebelde e de não acabar com a rebeldia.

Tem professores que acham que a única saída para a rebelião, para a rebeldia é a punição, é a castração. Eu confesso que tenho grandes dúvidas em torno da eficácia do castigo. Eu acho que a liberdade não se autentica sem o limite da autoridade, mas o limite que a autoridade se deve propor a si mesma, para propor ao jovem a liberdade, é um limite que necessariamente não se explicita através de castigos. Eu acho que a liberdade precisa de limites, a autoridade inclusive tem a tarefa de propor os limites, mas o que é preciso, ao propor os limites, é propor à liberdade que ela interiorize a necessidade ética do limite, jamais através do medo.

A liberdade que não faz uma coisa porque teme o castigo não está “eticizando-se”. É preciso que eu aceite a necessidade ética, aí o limite é compromisso e não mais imposição, é assunção. O castigo não faz isso. O castigo pode criar docilidade, silêncio. Mas os silenciados não mudam o mundo. “ (Paulo Freire, Pedagogia dos sonhos possíveis. Org.Ana M.A. Freire. Editora Unesp)


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Dias do Livro

     

DIAS DO LIVRO 

Em Abril temos duas datas referentes à Literatura:





     Essas duas datas fazem pensar sobre a Importância do Ato de Ler, tão bem retratada no livro de Paulo Freire, onde o autor enfatiza que a leitura de mundo é anterior a leitura da palavra e que o gosto pela leitura se desenvolve na medida em que os conteúdos sejam de acordo com o interesse e a necessidade do leitor. Comecei a refletir e a me preocupar depois da aula de Literatura Infanto Juvenil e Aprendizagem da Professora Ivany Souza Ávila. Refletir porque sei que sou uma leitora crítica e reflexiva a muitos anos e pensei no quanto incentivo a leitura em minha casa. Sempre incentivei meu filho Pedro a ler e hoje ele também é um leitor e aos dez anos tem mais de vinte livros manuscritos. Penso que devo seguir o mesmo caminho com o Gabriel, de dois meses.

Pedro aos dois meses


     Comecei a me preocupar ao ouvir de colegas, futuras pedagogas como eu, afirmações como "não leio", "detesto ler". Sei que minha opinião neste momento pode gerar "inimizades" em tempos de intolerância gratuita, mas tenho que escrever o que eu acredito: NÃO POSSO CONCEBER EDUCADORES QUE NÃO LEEM COMO BONS EDUCADORES. Afinal, como vamos formar leitores se não dermos o exemplo, como instigar o gosto pela leitura se não o tivermos. Sei que parte desta "culpa" por não gostar de ler advém de uma Educação precária, da falta de acesso aos livros e mesmo da falta de incentivo dos pais, mas sempre há tempo para mudar, para perceber a importância e o prazer da leitura na vida de um Educador. Penso então que devemos sim fazer um mea-culpa, mas acima de tudo aprender com os erros, já que estamos num curso com a pretensão de nos tornarmos bons educadores, devemos aprender a aprender e portanto ressignificar o papel da leitura em nossas vidas. 





Para dar aos estudantes.

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