Síntese do Texto “À sombra desta Mangueira” de Paulo Freire

Freire diz, que quando quer conhecer algo ele não volta sua atenção diretamente ao objeto a ser conhecido e sim ao seu entrono, às relações dele.

Para que ocorra um clima dialógico é preciso um elemento fundamental, a palavra, componente especial do diálogo. Palavra em sua “inteireza”, como ação-reflexão, se for apenas ação é ativismo, apenas reflexão é teoria. Do texto destacaria:

“A dialogicidade é uma exigência da natureza humana e um reclamo da opção democrática do educador” (p.24, 2000)

Ele coloca a importância das tecnologias no sentindo da redução do espaço-tempo para a comunicação. O reconhecimento acerca do inacabamento traz a busca permanente. E essa busca é permeada pela esperança, porque ninguém se insere numa busca permanente sem a esperança. “A consciência do inacabamento torna o ser educável”, isso diz tudo, só buscamos algo se sabemos que não o possuímos e no caso do conhecimento e da educação essa busca é constante e permanente porque nunca saberemos tudo.

Quando não há consciência do inacabamento se dá, nas palavras de Freire, o adestramento e o cultivo. Essa consciência não é de todo racional, é uma mistura de emoções, sentimentos, racionalidade e desejos. Implica também em percebermos o mundo e comprendê-lo, ao mesmo tempo em que compreendemos nossa própria experiência com ele, nossa relação.

Outro elemento fundamental para é a curiosidade, a necessidade de busca de explicações para tudo, ela é a abertura para a compreensão, é metódica em si. Acabamos, muitas vezes nos movendo no mundo da cotidianeidade sem nos questionar, nossa curiosidade neste caso é desarmada. Curiosidade estética, epistemológica são outros exemplos apontados por Freire ao longo do texto. O contexto teórico muitas vezes tem relação contraditória com o contexto prático que é onde os fatos se dão e isso exige a curiosidade epistemológica, que recorre também à curiosidade estética. No contexto teórico nos distanciamos para observar e no contexto prático ocorre a ação reflexão.

Faz alusão à educação bancária que permite apenas a mecanização de tudo, ações e pensamentos. Reproduções esperadas, um mesmo resultado. Segundo Freire o educador progressista deve instigar no estudante a curiosidade espontânea a e através dela se desenvolverá a criticidade.
  
Atenta para a necessidade de valorização do professor enquanto sujeito e cidadão, devendo ser chamado a participar de todos os momentos de discussão, de diálogo, inclusive nas questões políticas. E no texto à crítica aos investimentos e cobranças sobre o professor são extremamente atuais. A relação dialógica é indispensável ao conhecimento, bem coloca que os regimentos autoritários são contrários à curiosidade. A dialogicidade supõe maturidade, respeito mútuo, segurança e seriedade, a curiosidade é utilizada com objetivo, para uma busca que sujeito ingressa.

Freire nos convoca para que possamos seguir a luta, com ética e responsabilidade, luta pela libertação, pela liberdade.

Referências Bibliográficas:

FREIRE, Paulo. À sombra desta Mangueira. 2000. Editora Olho D’Água.

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Conhecimento, erro e ilusão


Edgar Morim em sua obra “OS SETE SABERES NECESSÁRIO À EDUCAÇÃO DO FUTURO, capítulo I, AS CEGUEIRAS DO CONHECIMENTO: O ERRO E A ILUSÃO” nos apresenta que todo conhecimento traz em si o erro e a ilusão e que ambos não se reconhecem como tal, o papel da Educação é mostrar que todo conhecimento pode ser ameaçado pelo erro ou ilusão, ou seja, não há conhecimento estanque. A teoria da informação, por exemplo, mostra que o erro pode ocorrer pelo efeito da transmissão da informação. Nossas emoções e percepções tem influência direta na questão do erro, mas é impossível dissociar inteligência e afetividade “A afetividade pode asfixiar o conhecimento, mas também pode fortalece-lo.” (2002, p. 20). Desta forma o raciocínio pode diminuir ou ser destruído pela falta de emoção. O intelecto e o afeto têm uma relação indissociável e reciproca. O conhecimento científico, por exemplo, não resolve sozinho questões filosóficas, éticas e epistemológicas.

Cabe à Educação, segundo o autor, identificar a origem dos erros, ilusões e cegueira. O destaque para a fantasia e a colocação sobre a capacidade mentir para nós mesmos, criando ilusões são itens importantes trazidos no texto. A memória que é fonte de verdades pode estar sujeita a erros e ilusões, pois acaba sendo seletiva. A cegueira está relacionada aos paradigmas que embora sejam inconscientes controlam e sustentam o pensamento consciente. Assim, conforme o autor, um paradigma pode ao mesmo tempo clarear e escurecer, revelar ou ocultar algo.

Referência Bibliográfica:

MORIN, Edgar. Os setes saberes necessários à educação do futuro. Cortez Editora. 5ª edição. São Paulo: Cortez; Brasilia, DF: UNESCO. 2002 (Cap. I, p. 19 a 27)

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Como podemos, como educadores, contribuir para construir uma sociedade ética?


A pergunta colocada acima é fácil e difícil de ser respondida, fácil do ponto de vista teórico e difícil do ponto de vista prático. Como o texto traz, a filosofia pode nos auxiliar, e em especial a filosofia helenística, pois esta se preocupa com as dificuldades da vida humana, sendo uma delas a busca por uma sociedade ética. A ética deve ser trabalhada relacionada à estética, visto que o pensamento está associado à ação e estas são influenciadas pelas emoções. Ou seja, a ética está relacionada à ação e aí entra a dificuldade em contribuir, pois vai exigir do educador pensar acerca do que ele próprio faz. Que tipo de cidadão eu, enquanto educadora ajudaria a formar se para concluir minha graduação pagasse alguém para fazer meus trabalhos, ou copiasse textos prontos da internet e colocasse a autoria como minha? Como cobrar dos alunos ações éticas que muitas vezes os educadores não têm? Um exemplo claríssimo disso se dá nas grandes formações, onde existem inúmeros educadores, uma pessoa explanando e as conversas paralelas, risadas, crochê ou chimarrão são livres. Depois, estes mesmos educadores vão para sala de aula exigir silêncio e atenção dos seus alunos. Nestas colocações estou apenas praticando como nos diz Márcia a ética é a reflexão, o questionamento que eu dirijo para aquilo que já se consolidou.

Penso que, respondendo a questão, a contribuição se dá de duas formas, através do exemplo e através da reflexão sobre a ação. Somos espelho para nossos estudantes e devemos ter noção da responsabilidade que isso implica, portanto, para cobrar algo ético, devemos ser éticos. E quando estivermos diante de situações que exijam posicionamento ético a melhor maneira é levar todos à reflexão, praticando a empatia. 

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Reescrita de O Fotógrafo – Manoel de Barros - – Manoel de Barros, em “Ensaios fotográficos”. Rio de Janeiro: Editora Record, 2000.


A escola

Difícil fotografar a escola.
Entretanto tentei. Eu conto:
Férias, o silêncio tomava conta, quase nunca era assim.
Não se ouvia um barulho, nenhuma criança gritava.
Eu estava entrando na biblioteca.
Eram quase três da tarde.
Biblioteca vazia, muitas vozes gritando, nenhuma sendo ouvida.
Preparei meu celular.
O objetivo era explorar
Parte da história recuperar.
Fotografei o professor.
Aquele que arriscou e investiu em educação.
Quando não se tinha nada, nem mesmo ilusão
Tinha um cheiro de saudade, histórias e memórias.
Fotografei os projetos, sonhos de um novo cidadão
Vi uma logo que não era nova, identificação .
Eu achava que conhecia.
A história da escola.
Fotografei o mosaico.
Mistura de vidas, personagens desencontrados de grande valia.
A rua, o vento, o ar.
Falta ainda muita coisa neste lugar.
Mas me vi.
Ali estava eu a fazer parte
do coração de uma escola.
Que bate num ritmo diferente.
Do sorriso, do agito, das vozes de todos
o silêncio não combina com o lugar
Quando as crianças estiverem
Aí sim eu quero voltar.

Lucinéia E. Happeck



Registros fotográficos são partes de memória eternizadas, são a forma de manter nossa estada neste plano, assim como nossas escritas, são o legado para o mundo. Nem todo registro é comprovante de memória, pois como já visto em Moran (2002) a memória que é fonte de verdades pode estar sujeita a erros e ilusões, pois acaba sendo seletiva. Tem validade de acordo com a importância da mensagem que trazem sob o olhar de quem as vê. O silêncio da contracultura é o silêncio à subversão da memória oficial. A tentativa de se ausentar das marcas das narrativas é o silêncio da contracultura, é a forma utilizada para expressar seu posicionamento diante do mundo.

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RECORTE DA REALIDADE: ANALISANDO UMA SITUAÇÃO EXPERENCIADA EM RELAÇÃO AOS FILMES “VÊNUS NEGRA”, “QUANTO VALE OU É POR QUILO” E AO TEXTO “UM OLHAR SOBRE A EDUCAÇÃO MODERNA NO SÉCULO XXI”.



O embasamento e a reflexão teórica fizeram com que eu trouxesse um recorte não diretamente evidenciado na sala de aula, mas que dela faz parte. Trata-se da famosa “Live”, que nada mais é do que uma transmissão em vídeo ao vivo através das redes sociais. E eu trouxe esta questão porque ela faz parte do cotidiano dos jovens com os quais eu trabalho diariamente. A disputa entre eles é sobre quantas curtidas teve sua “Live”, quem visualizou e assim acabam colocando ao vivo coisas bizarras como um colega vomitando por ter bebido demais ou mesmo meninas “sensualizando”, colocando seus corpos em evidência. No outro dia, estas mesmas transmissões são o assunto em sala de aula. 

Do texto destaco:
“este desencontro da escola com a sociedade está interferindo intensamente nas relações que se estabelecem dentro e fora dela”
Pois, a escola segue em seus programas de ensino, alheia ao acesso e evolução que nossos estudantes vêm tendo em relação às mídias e ao uso que tem feito das mesmas. O filme “Quanto vale ou é por quilo?” traz uma crítica ao conceito de responsabilidade social das empresas, pois o que vale, no fim das contas é o lucro, seja ele na venda de escravos, em projetos sociais superfaturados ou na inserção de tecnologias que acabam inclusive sendo usadas em desfavor da vida, tendo em vista que já há relatos de jovens que cometeram suicídio usando o minuto de fama da “Live” ou mesmo o fizeram após terem sua intimidade mostrada ao vido nas redes, sem possibilidade de retorno. Esse recurso (live) pode também ser facilmente relacionado ao filme Vênus Negra, visto que a objetificação do ser humano, uso do corpo, exploração são visíveis numa transmissão ao vivo.

Certamente existem pontos positivos neste recurso, prova disso também é a visão do outro lado que a live permite ao ser confrontada com as transmissões das grandes mídias. Mas, meu intuito, neste recorte é mostrar a realidade perigosa do uso deste recurso pelos jovens, sem o preparo e a visão crítica, que permitiriam o uso saudável e até mesmo da responsabilidade social que poderia ser feito, se a escola trouxesse a temática para discussão coletiva. Como presente no texto e bem pontuado a escola precisa incentivar a reflexão sobre a realidade. A ideia de liquidez de Bauman se faz visível ao avaliarmos as reações que uma “Live” traz, aprece no rompimento dos laços morais e emocionais, na utilização para manipulação. Cabe à escola moderna de fato perceber que o elemento “live” já faz parte da cultura do jovem e trazer este elemento para sala de aula permitiria à escola exercer seu papel de formação cidadã de maneira efetiva.


Referências:
CUNHA, JORGE Luiz da. MISSIO, Luciani. Um olhar sobre a Educação Moderna do Século XXI. Disponível em link. Acesso em 09/01/2018. VÊNUS NEGRA. Direção: Abdellatif Kechiche. França, 2011. 164 minutos.
QUANTO VALE OU É POR QUILO? Direção: Sérgio Biachi. Brasil, 2005. Estúdio: Agravo Produções Cinematográficas S/C Ltda. Distribuição: Riofilme Produção: Patrick Leblanc e Luís Alberto Pereira. Edição: Paulo Sacramento

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LEITURA DO COLETIVO: VALORIZAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS COLETIVOS POPULARES.


 A realidade onde está inserida minha escola é de um coletivo que até poucos anos atrás se permitia ser subjugado pelos veranistas, aceitando o apelido pejorativo de marisqueiros, mas que como nos traz Arroyo (2006), este coletivo começou a reagir ao silenciamento imposto por uma classe que vinha apenas no período de verão e passou a utilizar, por exemplo, o termo marisqueiro como identidade e coletivo. Não são organizados em movimentos sociais, mas buscam ações conjuntas para a emancipação deste coletivo, sendo uma delas a apropriação do espaço do litoral como de todos, exigindo o respeito que as pessoas que vem para este lugar tem com os seus próprios espaços de permanência durante o restante do ano. O conhecimento deste coletivo vem sendo valorizado, pois, muitas vezes presencio veranistas solicitando a moradores auxílio para a resolução de problemas típicos litorâneos, relacionados à fauna e flora local. Muito se percebia do que Arroyo diz: “As categorias mais freqüentes com que são vistos, sobretudo no pensamento sócio-pedagógico tem sido: marginalizados, excluídos, desiguais, inconscientes.” (2003, p.5) Inclusive na escola, que utiliza os valores e conceitos da “cidade grande”, tentando preparar os alunos para subservir aos veranistas e desta forma agradá-los, os jovens moradores (marisqueiros) se viam como desiguais, distantes dos jovens que veraneavam na praia. Isso vem sendo modificado com a formação pedagógica constante que faz com que os educadores percebam a necessidade de valorizar o conhecimento do lugar, reconhecendo as experiências e a bagagem cultural local. Assim, hoje trabalha-se a questão ambiental de forma a fazer com que os marisqueiros cobrem dos veranistas o respeito ao nosso espaço, a cultura local é valorizada e não são mais inconscientes de seus próprios saberes. Exemplo disso é o curta “As lavadeiras” vencedor de prêmio em categoria nacional e que traz apenas aspectos da cidade. Nossos jovens se apropriam de conhecimentos diversos que lhes permite igualdade diante dos jovens da “cidade”. Claro que ainda existe a exclusão, ainda existe a marginalização, seria ilusória afirmar que as mudanças foram tão intensas, mas para mim que vim da “cidade” para o litoral há vinte anos, é perceptível que a passos lentos, porém persistentes estamos começando a vislumbrar o respeito aos coletivos diversos. 

 Referências: ARROYO, Miguel G. Ações coletivas e conhecimentos: outras pedagogias? 2006.

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Exposição de Fotos

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BNCC - BASE NACIONAL CURRICULAR COMUM - QUAIS OS ENTRAVES?

BNCC - BASE NACIONAL CURRICULAR COMUM - QUAIS OS ENTRAVES?

A Base Nacional Curricular Comum ou BNCC ainda é algo novo, e até mesmo desconhecido por muitos educadores. Começou como uma ideia excelente, diminuir as distâncias entre os currículos ao longo do nosso território, porém respeitando as características e marcas culturais de cada lugar.
Infelizmente, no meio do caminho, em meio à construção da base houve uma mudança de governo de forma abrupta e antidemocrática e aí começaram os problemas. O que antes era para ter a participação efetiva de todos os envolvidos no processo educacional passou a ser discutido entre poucas pessoas.  
Tive a oportunidade de ouvir a fala de uma das três únicas conselheiras nacionais de educação que votaram contra esta forma imposta de base, Malvina Tuttmann, que foi esclarecedora sob o ponto de vista pedagógico dos problemas da base. 
Na minha opinião a base mesmo aprovada não será praticada, pois na Educação e nos tempos atuais o que vem de cima para baixo dificilmente vigora. 



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