A vivência da EJA e a relação com os aprendizados atuais

A vivência da EJA e a relação com os aprendizados atuais


Nossa última aula de Educação de Jovens e Adultos foi riquíssima, pois tivemos a oportunidade de muitas trocas, mediadas pelo professor Evandro. Ao ouvir o relato das colegas sobre os diferentes sujeitos envolvidos na EJA, alunos, professores, ex-alunos e possíveis alunos minhas lembranças dos anos vividos na EJA afloraram e com elas vieram muitas auto-avaliações.

Trabalhei 8 anos com EJA, séries finais do Ensino Fundamental, Língua Inglesa. Lembrei de minhas primeiras aulas, onde eu, sem a menor noção de quem seriam meus alunos preparei uma aula como se fosse para crianças do fundamental. Resultado? Tive que descartar meu planejamento e improvisar, pois ali, na minha frente eu tinha pessoas da idade de meus pais, não poderia tratá-los como os meus alunos do diurno. Logo, todos os professores estavam com as mesmas dúvidas e angústias e então optamos por estudar, uma vez por semana sobre essas pessoas que contavam conosco para ter seu direito à educação garantidos. 

O grupo de estudos foi enriquecedor e nele fui apresentada à Paulo freire, pude compreender como o adulto aprende melhor e minhas aulas se transformaram junto comigo, que passei a ver com outro olhar e respeitar muito mais aquelas pessoas.

Lembro que passei a pensar nas aulas de acordo com as vivências deles, estudamos, por exemplo, os controles remotos e suas teclas em Inglês, eles acharam o máximo descobrir o que significavam aquelas letras, estudamos as cores em Inglês através do conhecimento das obras de Romero Britto que estava apenas surgindo como pintor aqui no Brasil. Releituras, interdisciplinaridade eram constantes, eu adorava trabalhar nesta modalidade. Haviam os jovens, aqueles que "ninguém queria nas escolas diurnas" e NUNCA tive nenhum problemas com eles porque eu já acreditava na pedagogia do afeto como aliada para possibilitar a construção do conhecimento e tratava a eles como cidadãos que eram, sem rótulos, sem medos, apenas como pessoas, que a vida e a sociedade já marginalizavam o suficiente, então ali eram meus "bebês" como chamava carinhosamente.

Enfim, com as memórias afloradas, retomei também dos meus fracassos pedagógicos, como quando eu não soube ajudar uma aluna com muitas dificuldades na minha disciplina e que acabou desistindo... carrego comigo esta culpa até hoje. 

Ao ouvir os relatos, fazer nossa entrevista e refletir percebi o quanto o papel do professor é fundamental nesta modalidade, o quanto somos decisivos na permanência destes sujeitos na EJA. Hoje, com a maturidade, as aprendizagens que o curso trouxe e principalmente a consciência do inacabamento percebo o quanto eu poderia contribuir novamente na EJA e espero, futuramente ter oportunidade de trabalhar nesta modalidade. 

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